segunda-feira, 28 de março de 2011

Coisa de terramotos

Da primeira ninguém quis ligar as duas coisas. Ninguém no seu perfeito juízo avançaria com uma relação de causa-efeito entre o trágico sismo do Japão e o golo do Vítor Marques em Estombar.
Mas a vida reserva-nos surpresas e deixa-nos a pensar.
O sismo de quatro graus na escala de Richter sentido na noite imediatamente anterior ao jogo Ourique x Alvorada, terá tido alguma coisa a ver com outro golo do Vítor?
Fica aqui esta questão que, é preciso dizê-lo, até faz tremer.
Senão reparem: em 1755, no grande terramoto, o Vítor, apesar da sua larga experiência de vida ainda não era nascido; em 1969 ainda ele não tinha descoberto as suas potencialidades para a prática do desporto rei; os outros dois ou três sismos menores ocorridos ultimamente sentiram-se durante a semana, não podendo por isso causar qualquer réplica do pé direito do bombardeiro.
Dois sismos à sexta-feira, dois golos nos sábados a seguir. Os únicos golos na carreira. Coincidências?

Vítor Encarnação

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Depressão

" O árbitro do jogo tem família nos Grandaços. Por afazeres profissionais e familiares, só cá vem de três em três meses, mas sempre de noite. Já tem trinta e cinco anos e nunca viu os Grandaços à luz do dia. Quando os Armacenenses vierem jogar a Ourique, já está combinado mostrar-lhe uma fotografia tamanho poster para que ele possa ver as ruas, os telhados, as hortas, os quintais, as vacas e os porcos do nosso David Coisinha  a brilhar ao sol."

Vítor Encarnação

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Arzila tem ainda mais encanto

“ Os veteranos, por força da sua larga experiência de vida, não acreditam em bruxas. Mas que as há, há. O que aconteceu ao Labacha no dia 12 de Fevereiro de 2011, pelas 15.23, em Arzila, era a prova que faltava. Após um cruzamento milimétrico do Chris que deixou o defesa e o guarda-redes completamente fora do lance, o Labacha vê-se perante uma baliza escancarada. A probabilidade de falhar, atendendo aos ângulos, era nula. Qualquer toque na meia, na bota, nos cordões ou nos pêlos das pernas seria suficiente para fazer golo. Mas a magana da bola vem de enviesado, bate na canela, engana a lei da física e passa por cima da barra. Ficou decidido que na viagem de regresso, passaríamos por Fátima e deixávamos as botas do Labacha para serem benzidas.”
Vítor Encarnação

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Quem sabe nunca esquece

O Baltacha olhava para um lado e para outro e não encontrava opção de passe. Não querendo que o jogo esmorecesse, a única solução era meter a bola em profundidade para o Vítor Marques. Pela extrema direita, endiabrado, solto, letal, o Vítor, naquele vai e vem massacrante para o adversário, perdeu mais de sete mil calorias. Estafado e em fraqueza, foi obrigado a ir ao buffet seis vezes para repor energias. O último prato continha ainda quatro salsichas grelhadas, duas asas de frango, meio quartilho de azeitonas, um bife, legumes variados, tudo bem empapado em molho de cogumelos e para empurrar quatro pãezinhos algarvios.  
Vítor Encarnação

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

o homem dos falhanços bonitos

O Labacha é autor dos falhanços mais bonitos da história dos veteranos do ODC.
(...)

Um jogador do Estombarense, possivelmente fruto de adrenalina a mais na corrente sanguínea, deu cento e setenta e cinco gritos de dor, doze dos quais como se o tivessem esventrado, caiu oitenta e três vezes, dirigiu-se ao árbitro de peito feito em quarenta e quatro situações e chamou nomes malcriados aos adversários trezentas e vinte e duas vezes, tendo cento e oitenta deles sido dirigidos ao Baltacha.
E, de acordo com opinião de um colega de equipa, até foi dos dias em que ele estava mais calmo.

Vítor Encarnação

domingo, 5 de dezembro de 2010

Não lhe olhem à placa!

"Para um árbitro, acabar um jogo com dentes todos não acontece todos os dias. Pese embora o seu estilo demasiado autoritário – veja-se a embirração que ele tem com o Lobo, o Rochinha e o Zé Ponte – o Pilau conseguiu mais uma vez apitar para o final de um jogo sem que nada lhe acontecesse aos dentes incisivos superiores.
Curiosamente, durante o jantar, de tanto dar ao dente desbastando 600 gramas de camarão, a placa partiu-se. Previu-se logo ali perante tamanha tragédia que o homem do apito seria, a partir dali, apenas alimentado a soro fisiológico ou médias Sagres. Depressa nos desenganámos. Sem a parte de cima para o embate com o frango de cabidela, o Pilau despachou quatro pernas, cinco asas, três peitos e dois pescoços, tudo acompanhado por um quilo de batatas e oito fatias de casqueiro."
Vítor Encarnação

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Arroz Doce

" Há homens cuja dimensão humana e profissional ultrapassa os limites da vulgaridade. São seres que reúnem em si capacidades que não estão ao alcance do comum dos mortais. O nosso mister Vítor Marques é assim. Para além de ser um génio no que toca à vertente físico-técnico-táctica-psicológica do futebol, o homem tem um conhecimento absoluto do cardápio gastronómico que faz com que as terceiras partes dos jogos fiquem ou não marcadas na nossa memória. Imagine-se que após uma tensão arterial altíssima, uma voz rouca, fortes dores de cabeça e um nervosismo que o fizeram sair constantemente da área técnica, tudo provocado pela sua forma apaixonada de estar na alta competição, o homem ainda teve sensibilidade de paladar para concluir que o arroz doce não sabia a nada, contrariando a opinião de dois amigos brasileiros que já tinham comido três taças cada um e ainda se lambiam.
Analisados todos os perfis de todos os grandes treinadores do mundo, chegámos à conclusão que o Vítor Marques é o único treinador que percebe de arroz doce. E, que nos desculpe o Mourinho, um treinador que não saiba fazer arroz doce nunca pode ser especial.
É que para além de perceber de canelas, também tem que perceber de canela."
Vítor Encarnação